sábado, 25 de janeiro de 2014

O Barroco no Brasil

Igreja de São Francisco de Assis (1766 – 1810), Ouro Preto, MG.
Ela foi projetada e ornamentada por Antônio Francisco Lisboa, mais conhecido como Aleijadinho (passou vinte e nove anos trabalhando nessa arquitetura)
CONTEXTO HISTÓRICO
O estilo barroco desenvolveu-se plenamente no Brasil durante o século XVIII, perdurando ainda no inicio do século XIX. No Brasil Colonial, a presença dos jesuítas teve grande importância no processo de disseminação do cristianismo católico no interior da colônia. Na maioria das vezes, esse tipo de criação se manifestou na construção de igrejas e imagens religiosas que tomavam campo nos centros urbanos do país. Chegando ao Brasil, as construções de traço barroco se lançavam aos olhos de uma população mista formada por alfaiates, ambulantes, funcionários públicos, indígenas, escravos e vadios. Essa população, na maioria das vezes, só conseguia compreender o sentido dos valores religiosos afirmados pela catequese com a imponência de imagens ricas em que a complexa ornamentação pretendia reafirmar o caráter sagrado dos santos e templos religiosos.

Características gerais
·     De forma geral, as obras e construções barrocas eram fabricadas a partir do uso de pedra-sabão, barro cozido e madeira policromada ou dourada.
·         Além disso, existiu uma visível preocupação em se reproduzir movimentos de conteúdo dramático, o uso de linhas curvas, a preferência por construções de porte grandioso e o uso de um impacto visual capaz de chamar atenção dos apreciadores.
·   Além das mesmas características do europeu, incorporam-se ao barroco brasileiro elementos das culturas indígena e africana. 
·    Em síntese, o barroco tentou exprimir uma religiosidade de princípio medieval com a sofisticação da arte renascentista.
ARQUITETURA

     Profundamente ligado à religião católica, o Barroco brasileiro está presente, até hoje, em inúmeras igrejas construídas por todo o país. Contrastando com a riqueza interior das igrejas temos a simplicidade das fachadas externas. A arquitetura barroca também aparece nas fazendas, sítios, chácaras, engenhos, prédios públicos e chafarizes (construções que fornecem água à população ou servem de ornamentos; fontes).
Adro do Santuário de Bom Jesus de Matosinhos,
com os doze profetas de Aleijadinho


Igreja de São Francisco, Salvador, BA
       Conhecida como "Igreja de Ouro", com o interior recoberto de folhas de ouro puro, a Igreja de São Francisco é considerada o mais belo exemplar do barroco brasileiro. A lenda versa que seus construtores utilizaram mil quilos de ouro em pó. A construção, concluída na primeira metade do século XVIII, guarda belos exemplares de arte que não podem deixar de serem apreciadas, como o painel de azulejos portugueses, as pinturas e esculturas nas paredes, colunas, teto e altares.



ESCULTURA

     A escultura complementava a arquitetura barroca. As talhas – ornamentos esculpidos em madeira, mármore ou pedra – são muito presentes nas igrejas barrocas brasileiras. Aparecem em altares, arcos, tetos e janelas, recobrindo praticamente todo o interior da construção.

ANTÔNIO FRANCISCO LISBOA (Aleijadinho)

     O principal representante do barroco mineiro foi o escultor e arquiteto Aleijadinho (1738 – 1814). Suas obras, de forte caráter religioso, eram feitas em madeira e pedra-sabão, os principais materiais usados pelos artistas barrocos do Brasil.

Escultura de Aleijadinho
Detalhe do Cristo carregando a cruz na via sacra de Congonhas, Minas Gerais.


PINTURA

    A pintura reflete bem o ideal do Barroco. Feita principalmente nos tetos, tinham tamanha profundidade, que ao levantar o olhar, o espectador sentia-se no céu; em proximidade com o Divino; sentia-se acolhido. 
Principais características

·    Uso do vermelho, azul, dourado e branco,

·    Além de uma característica europeia, o chiaroscuro(claro-escuro).

Obs: Havia também a pintura de azulejos, em boa parte importada de Portugal, que descreviam cenas narradas na Bíblia (o que era também uma forma de catequizar).


    Detalhe da pintura do teto da igreja de São Francisco de Assis, feita por Mestre Ataíde. Ouro preto, Minas Gerais.

     Ao falar de pintura Barroca, não podemos deixar de citar o grande Mestre Ataíde (1762 – 1830), que pintou várias Igrejas de Minas Gerais e tinha um estilo próprio. Usava cores vivas e deixou sua marca no Barroco Mineiro ao usar em suas composições a sua cor preferida, o azul.
      O teto ao lado é sem duvida, a obra-prima de Mestre Ataíde. Ele cria uma perspectiva em que as colunas parecem avançar para o alto sugerindo que o teto se abre para o céu. Nele está Maria, com traços bem brasileiros, cercada de anjos. Os tons vermelhos dão à cena alegria e vivacidade.


Conclusão: O Barroco foi introduzido no Brasil no início do séc. XVII (e consolidado plenamente no séc. XVIII) pelos jesuítas, que trouxeram o estilo como instrumento de doutrinação cristã. Os mestres maiores da arte sacra foram Aleijadinho e Mestre Ataíde, cujas obras são consideradas as mais belas do país.


    

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

O BREGA É BREGA

Wenceslau Alonso O. Junior - 1992
Para começar, como manda o rigor em uma exposição que se preze, vamos delimitar a abrangência deste escrito: ele tratará do brega nas canções de compositores brasileiros.
O brega é quase sempre um bolero bastante piorado, tanto na melodia quanto na letra. Quem disse isso, e eu concordo como conceito preliminar, foi o Edelmiro em uma de nossas aulas sobre o conceito de beleza em São Tomas de Aquino. Não me perguntem como fomos de São Tomas ao brega, que eu não recordo. Sei que fomos, e sei que é possível ir.
Eu sou contra o brega sempre que estou lúcido. Se faço alguma leve concessão a ele em certas circunstancias, não é propriamente no fascínio estético do brega que a explicação da concessão deve ser procurada. Com certeza ela se encontra alhures. Em geral, quando alguém que não coleciona discos de brega aparece dançando o brega com cara de êxtase numa festa qualquer, devemos prestar atenção na parceira do dançarino, pois a razão do êxtase possivelmente será ela.
Eu sou contra o brega por motivos éticos e estéticos. Comecemos pelos motivos estéticos.
O poeta Ezra Pound em seu livro “ABC da literatura” diz, em certo momento, que há seis tipos de artistas (ele fala mais propriamente de escritores). Vejamos os três primeiros:
a)    Os inventores: homens que descobriram um novo processo.
b)    Os mestres: homens que combinaram um certo numero de tais processos e que os usaram tão bem ou melhor que os inventores.
c)    Os diluidores: homens que vieram depois das duas primeiras espécies e não foram capazes de realizar bem o trabalho “artístico”.
Se introduzirmos no terceiro tipo algumas mudanças conceituais e produzirmos a seguinte definição: “homens que vieram depois das duas primeiras espécies e realizaram péssima e venalmente o trabalho artístico”, teremos o perfil do compositor de brega.
Eu acabei de dizer que os compositores de brega fazem trabalho artístico, mas até isso é duvidoso, porque a criação é essencial na caracterização da obra de arte, e o que ocorre no brega é uma adaptação de certas sonoridades e palavras dentro de um limite muito estreito, e não propriamente criação.
Do ponto de vista estético, a história do brega entre 1930 e hoje é a história do seu desmascaramento, quer no terreno dos arranjos e das melodias, quer no terreno das letras das canções.
Com o passar dos anos, os arranjos simplificaram-se, sob a influencia das formações dos grupos de rock, houve uma economia de instrumentação, e os violinos cederam lugar às guitarras, o que retirou do brega o álibi da solenidade e deu-lhe a possibilidade da estridência  vulgar. Em outras palavras, o abandono dos arranjos com a orquestra de sopros e cordas pôs a nu com mais clareza a penúria estética das melodias.
Para compreender o que aconteceu com as letras das canções, leia-se “criação” de Vicente Celestino, intitulada “Coração Materno”, regravada ironicamente por Caetano Veloso em 1968, no disco “Tropicália”.
“Disse um campônio á sua amada,
Minha idolatrada peça o que quiser.
Por ti vou matar, vou roubar,
Embora tristeza me causes, mulher.”

Leia-se mais este trecho de Leandro e Leonardo:

“Entre tapas e beijos
É ódio é desejo,
Paixão ou ternura.
Um casal que se ama
Até mesmo na cama
Provoca loucura.”

E ainda este de Lindomar Castilho, compositor brega que se transferiu da ficção para a realidade, matando bregamente a própria esposa por julgar-se traído:

“Eu hoje quebro esta mesa,
Se o meu amor não chegar,
Também não pago a despesa,
Nem saio deste lugar”.

No termo especifico das letras, como é possível notar nos três pequenos exemplos anteriores, a dicção parnasiana de Vicente celestino – que usa a ordem frasal indireta (hipérbato), o vocativo (apóstrofe): -“Embora tristeza me causes (ó) mulher” e vocábulos de procedência culta: “campônio”, “idólatra”- foi abandonada, e o álibi da pomposidade cedeu lugar a uma linguagem mais cotidiana. É importante notar que este fato também ocorreu na grande poesia, basta comparar a dicção de Olavo Bilac com a de Manuel Bandeira para perceber o fenômeno. Porém, no caso da grande poesia, a mudança processou-se por causa de uma preocupação vanguardista esteticamente defensável, enquanto que, no brega, a mudança fundamenta-se em uma intenção de caráter venal, pois pretende-se aí aproximar mais as letras do real universo do consumidor, um universo intelectualmente pobre, produzido deliberadamente pelos meios de comunicação de massa, no sentido de mantê-lo (o consumidor) afastado das produções musicais mais criticas e instigadoras.
Mesmo na temática que, ao longo da historia do brega se resume às dores de cotovelo, sofrimentos de cornos (mansos e sanguinários) e desilusões amorosas de toda espécie, a mudança de uma abordagem mais recatada para uma mais despudorada, não significa avanço na discussão dos hábitos morais. O tom despudorado das letras de hoje é ainda índice de venalidade. A lascívia das letras parece funcionar como um estimulante da sexualidade, que é uma forma de lazer muito estimada nas camadas populares, por ser barato, já que depende apenas do uso do corpo. Enfim, letras picantes vendem mais.
Como se vê, de Vicente Celestino para cá o lugar desmascarou-se, percorrendo uma trajetória que desemboca no acanalhamento e no cinismo das produções atuais.
Dizer o lugar desonroso que o brega ocupa na hierarquia do trabalho artístico, não o explica suficientemente, entretanto.
A distância que existe entre Chico Buarque de Holanda (um mestre), ou Schoenberg (um inventor) e, queiram desculpar, Carlos Santos ou Alípio Martins (diluidores de 5ª categoria), não se mede apenas esteticamente, mas também eticamente.
Vamos ao ético.  
Dizem que o brega é cultura, e é. De acordo com o conceito antropológico, cultura é tudo aquilo que o homem produz. Então, o brega é cultura.
Entretanto, o conceito antropológico não o legitima humanisticamente, pois há cultura e há cultura.
Existe a cultura popular (o folclore), digna e representativa do modo de ser de certos grupos das camadas populares.
Há a cultura de vanguarda (onde estão os inventores). Há a cultura erudita (onde estão os mestres e as pessoas que têm acesso ao conhecimento acadêmico) e há, desculpem novamente, a cultura de massa (aquela produzida e orquestrada pelos meios de comunicação de massa, basicamente rádio e televisão, onde está o brega).
Ora, a cultura de massa, como já demonstrou a escola sociológica de Frankfurt – hoje, sintomaticamente fora de moda – cumpre um papel ideológico, isto é, impede as camadas populares de ter acesso ao conhecimento das verdadeiras causas produtoras das injustiças sociais.
Enquanto nos preocupamos com as desventuras amorosas de Chitãozinho e Xororó e delas sorrimos com condescendência, ou até com elas nos comovemos, a estrutura injusta da sociedade permanece pouco ou nada discutida e sem chances de ser alterada. Não é a toa que a Rede Globo está investindo tão fortemente no brega.
Além do aspecto ideológico, o brega ainda merece outro reparo ético: ele é feito descaradamente para vender.
O compositor de brega não é um artista no sentido estético. Ele é um comerciante desonesto de quinta categoria, pois vende um produto que sabe que é ruim. Um produto que ele próprio acanalha, numa atitude de desrespeito ao público que ingenuamente o prestigia.
O lema deste tipo de compositor é: “quanto mais pior, mais melhor”, isto é, quanto mais esteticamente ruim for a canção, melhor será para vendê-la.
Vocês certamente já viram um compositor de brega falar sobre o seu trabalho: ou ele assume um ar populista, defendendo “o gosto do povo”, ou ele assume um ar cínico, ironizando o seu próprio trabalho. Este último tipo de bregueiro é preferível, pois desvenda com a sinceridade da ironia a sua burla.
Em suma, como levar a sério este “artista” que não se leva a sério?
Agora eu vou parar de apontar defeitos no brega para dizer ,em conclusão, por que estou fazendo isso.
Bem, esta revista deverá ser lida por alunos do Curso de Educação Artística – Habilitação em Música, que irão trabalhar, entre outras coisas, com o Canto Coral, e, por conseguinte, terão que selecionar canções para uso em sala de aula. Infere-se daí que estes alunos precisam discutir “o gosto” e “o valor” das obras de arte. Com este artigo, eu cumpro apenas o papel de iniciar, portanto, um debate necessário.
Se alguém, no próximo número, quiser contribuir para a discussão, até mesmo defendendo o brega – tarefa bastante difícil – deverá fazê-lo. De minha parte, desejo-lhe sinceramente boa sorte, pois vai precisar muito dela.
Se um dia, algum aluno deste curso defender publicamente a ideia de que o brega é válido porque todo tipo de canção é válido, gostaria que ele nunca esquecesse de acrescentar à sua exposição que eu defendia posição diferente.
É o mínimo que ele poderá fazer por mim.

DICIONÁRIO DE APOIO

Venal aquele que se vende, corrupto, mal intencionado, etc.
Recatada - Quieto, tímido, envergonhado...
Despudorada - Que não tem pudor, desavergonhada, indecente...
Lascívialuxúria, sensualidade exagerada, excitação, Que procura constantemente e sem pudor satisfações sexuais.
Condescendência - Disposição do espírito que faz ceder aos sentimentos, aos desejos de alguém.
Burla – engano, fraude.


terça-feira, 9 de julho de 2013

FUTURISMO: A arte – ação

O movimento:
O futurismo pregava uma absoluta sintonia entre a arte e o mundo moderno, regido pela eletricidade, máquinas, motores, pelos grandes aglomerados urbano-industriais, pela velocidade, enfim. Entre 1909 e 1914 vários manifestos foram publicados, apresentando propostas para as várias artes.

A pintura do futurismo, assim como os seus representantes, saúda a era moderna. Para os futuristas, os objetos não se esgotam no contorno aparente e os seus aspectos interpenetram-se continuamente a um só tempo. Procura-se neste estilo expressar o movimento real, registando a velocidade descrita pelas figuras em movimento no espaço. O artista futurista não está interessado em pintar um automóvel, mas captar a forma plástica a velocidade descrita por ele no espaço.
Automóvel + Velocidade + Luz - Giacomo Balla

Observe a escultura futurista 
Umberto Boccioni - Formas Únicas de Continuidade no Espaço, 1913.

Com esta escultura Boccioni tentou, muito para além da impressão de movimento, explorar a noção de velocidade e de força na escultura. Parece que o corpo que ali se representa serpenteia, lutando contra uma força invisível. Embora o resultado (físico) seja um retrato a três dimensões, o corpo em movimento introduz uma quarta dimensão, o tempo. Na sua "luta" contra essa força invisível, o corpo vai-se deslocando, deixando para trás pedaços de si.



Características do futurismo

·         O amor ao perigo, à verdade, à energia.
·         A abominação do passado: academicismo, sentimentalismo.
·         A exaltação da guerra, do militarismo, do patriotismo: “A guerra é a única higiene do mundo”.
·    A substituição da psicologia do homem (destruindo o eu na literatura) pela obsessão da matéria.
·      A incorporação de novos objetos como temas de poesia: locomotivas, automóveis, aviões, navios a vapor, fábricas, multidões de trabalhadores.
·         “Exaltação da bofetada e do soco: Não há beleza senão na luta”.
·         Culto à maquina e à velocidade.
·         Porta voz do fascismo: culto à guerra.


















sábado, 20 de abril de 2013

Dadaismo: A antiarte
Marcel Duchamp. Roda de bicicleta. 1913. Ready-made, madeira e metal, altura 126 cm.
O movimento:
O dadaísmo foi um movimento artístico que surgiu na Europa (Zurique, suíça) no ano de 1916. Possuía como característica principal a ruptura com as formas de arte tradicionais. Portanto, o dadaísmo foi um movimento com forte conteúdo anárquico. O próprio nome do movimento deriva de um termo inglês infantil: dadá (brinquedo, cavalo de pau). Daí observa-se a falta de sentido e a quebra com o tradicional deste movimento.
O termo ready-made, significa já pronto. Operação onde o artista toma posse de um objeto e o resignifica, dando então a ele estatuto de objeto artístico. O objeto passa do plano funcional para o plano simbólico configurando o gesto mais radical da arte de nosso século.
 
A Fonte, 1917
A fonte é um urinol de porcelana branca, considerada uma das obras mais representativas do dadaísmo na França, criada em 1917, sendo uma das mais notórias obras do artista Marcel Duchamp.
 
Características do dadaísmo 
·        Objetos comuns do cotidiano são apresentados de uma nova forma e dentro de um contexto artístico.
·         Irreverência artística.
·         Promove certo “terrorismo” cultural / anarquia.
·         Cultua a realidade mágica da infância e desordem.
·         Combate às formas de arte institucionalizadas.
·         Crítica ao capitalismo e ao consumismo.
·         Ênfase no absurdo e nos temas e conteúdos sem lógica.
·        Uso de vários formatos de expressão (objetos do cotidiano, sons, fotografias, poesias, músicas, jornais, etc) na composição das obras de artes plásticas.
·       Forte caráter pessimista e irônico, principalmente com relação aos acontecimentos políticos do mundo. (descrença absoluta – Niilismo)
 

 


quinta-feira, 28 de março de 2013


Surrealismo: a arte-alucinação
"A Persistência da Memória", Salvador Dalí (1931)
Um relógio que derrete, um peixe com corpo de mulher. Esquisitices assim só podem ser vistas em sonho, já que estão acima da realidade - ou, em francês, "sur le réel", daí o termo "surrealismo", escola artística que tem esses delírios como tema.
Esse movimento artístico e literário surgiu em Paris na década de 1920, mais ou mesmo ao mesmo tempo em que apareciam outros movimentos modernistas, como o cubismo.
Foi o escritor
André Breton (1896-1966) o primeiro a utilizar o termo, ao publicar o "Manifesto Surrealista", em 1924. Os artistas deste movimento acreditavam que a arte deveria se libertar das exigências da lógica e da razão e ir além da consciência do dia-a-dia, para poder expressar o inconsciente, a imaginação e os sonhos.
Baseavam-se também nos estudos de Sigmund Freud (1856-1939), considerado o pai da psicanálise. Em sua obra mais conhecida, "A Interpretação dos Sonhos", Freud descreve o funcionamento do inconsciente e a forma como ele aflora nos sonhos.
Em algumas obras surrealistas podem-se ver influências do dadaísmo, do cubismo, do abstracionismo e do expressionismo, que eram movimentos artísticos contemporâneos. A diferença básica em relação a esses movimentos está nas figuras representadas. O surrealismo prefere imagens de um universo onírico, isto é, o mundo dos sonhos e a imaginação. 
 
Características da pintura surrealista
·         Estuda os sonhos e as imagens do inconsciente.
·         Nada deve á logica, à moral ou à razão.
·         É considerada uma arte profana.
·         É também considerada a arte dos loucos.
 
A fantasia e a imaginação
O catalão Salvador Dali (1904 – 1989) e o belga René Magritte (1898 – 1967) são dois dos principais artistas do movimento surrealista. A imagem acima é um dos clássicos do surrealismo. Por que você acha que se chama "A persistência da memória"? (quadro acima)
O relógio é utilizado para marcar o tempo. Note que as ideias de tempo e memória estão bastante ligadas. É como se, com o passar do tempo, a memória fosse se apagando, escorrendo, assim como o tempo...
 
Agora imagine uma sereia

“Invenção Coletiva”, René Magritte (1934)


Provavelmente, a imagem de sereia que veio à sua cabeça não é exatamente essa que você viu no quadro acima. A obra "Invenção Coletiva" é de outro gênio do surrealismo, Magritte.
O título da obra brinca com o imaginário coletivo, povoado de seres que não existem na realidade, mas que habitam a imaginação de muitas pessoas por serem difundidos em nossa cultura.
Por trás dessas obras cheias de sonho, os pintores surrealistas tinham um propósito bem real. O surrealismo foi um movimento surgido num período entre guerras, e tinha o propósito de rejeitar o racionalismo e a lógica, que, usados ao extremo, haviam levado a Europa a ser destruída por armas e bombas construídas graças ao uso desmedido da ciência.

Obra comentada
“A face da guerra” Salvador Dalí (1940)
 
Dalí tenta através d'este quadro, mostrar às pessoas que a guerra só traz destruição, e cada vez mais mortes. As caveiras dentro de caveiras representam a continuidade da guerra e de mortes. A face principal talvez represente o inicio da 2ª Guerra Mundial, tendo na face, serpentes em posição de ataque.